quarta-feira, 13 de julho de 2011

CÓDIGO FLORESTAL A FALSA POLÊMICA ENTRE RURALISTAS E AMBIENTALISTAS

Fonte: Correio do Brasil de 08.07.2011
 
O texto tem o objetivo de abordar o código florestal sob ótica diferente da utilizada até o momento. Através dele, procura-se demonstrar como o novo código é prejudicial aos ruralistas e como o mecanismo internacional do capitalismo age beneficiando capitalistas do hemisfério norte em detrimento do sul.

Casal de ativistas assassinado no Pará

Haverá falta de alimentos! O pequeno produtor será penalizado! O golpe sobre o agronegócio afetará a economia nacional!

Estes são alguns dos argumentos alarmistas que tentam abafar os reais mecanismos de ação que agem sobre o processo de aprovação do novo código florestal.

A verdade é que o momento atual representa uma glória para o GRANDE CAPITAL DO HEMISFÉRIO NORTE. Eles tiveram êxito na implantação da falsa polêmica ruralista x ambientalista. De fato, a situação mereceria um novo capítulo no livro de Eduardo Galeano As Veias Abertas da América Latina.

Até agora nenhum ?especialista? comentou que a estratégia de subsídios e barreiras tarifárias agrícolas dos yankees contra produtos do sul encontra ameaças no próprio liberalismo (lei da oferta/procura): não há mais produto para ESPREMER do hemisfério sul, fato que já está encarecendo muito suas políticas protecionistas e nacionalistas.

Os sofisticados dispositivos de deflação de preços de commodities, tais como Bolsa de Chicago, protecionismo, subsídio, barreiras técnicas e tarifárias, etc… já não estão funcionando mais a contento e exigem desembolsos cada vez maiores dos governos nacionalistas do chamado primeiro mundo.

A ordem agora é forçar a ampliação da oferta para deflacionar o custo do produto e, para ampliar esta oferta, vale expandir as fronteiras agrícolas sobre o meio ambiente nos países que ainda não o fizeram, ou seja, os do hemisfério sul.

Os burgueses e pequenos burgueses ruralistas do hemisfério sul caíram na falsa polêmica ambiental plantada. Eles poderiam combater as políticas de deflação do produto de forma enérgica, UNINDO-SE A AMBIENTALISTAS, justificando com a falta de terras e restrições ambientais os motivos para obtenção de um preço justo ? tudo dentro da teoria liberal capitalista.

Acontece que há uma outra regra dentro do liberalismo capitalista: o maior engole o menor. Assim, o grande capitalista do hemisfério norte deseja engolir o capitalista menor, do hemisfério sul.
Desta forma, um capital externo poderoso aliado a lideranças teatrais, como Kátia Abreu e Aldo Rebelo um representando a direita e outro a esquerda, completam a construção do sofisma.

Não é difícil desconstruir a falsa polêmica: é óbvio que a tropa de choque do agronegócio, sempre atenta e maquiavélica, se estivesse realmente preocupada com o setor que representa, estaria totalmente alinhada com o ambientalista local, na busca de um retorno financeiro melhor para seus representados. Ao invés disso temos as regras do capitalismo liberal e, como tal, o potente capital yankee é capaz de comprar facilmente até mesmo os ruralistas de direita do hemisfério sul.

Por outro lado, nosso representante de ?esquerda? alega que o pequeno produtor será afetado se não adotarmos o novo código, tentando com isso distorcer completamente o verdadeiro problema do pequeno produtor e também do produtor sem terra: a falta da reforma agrária.

Há ainda a alegação da crise dos alimentos. Um país que tem a intenção de se tornar potência na produção de biocombustíveis não está preocupado com uma eventual crise alimentar. As recentes medidas de Dilma Rousseff para o dilema álcool x açúcar ilustram claramente esta questão: o produtor que optar pelo açúcar vai perder. A tese da crise alimentar vai então por água abaixo. Se de fato houvesse o compromisso governamental, haveria terra de sobra para suprir a alimentação de todos, mas ao invés disso planta-se para alimentar os enormes e infames carrões da última moda da indústria automobilística.

Para concluir o texto, não podemos deixar de abordar a enorme correlação da questão alimentar e ambiental com este tema transversal que é a energia, afinal a energia é extremamente necessária para as nefastas políticas desenvolvimentistas adotadas pelos governos descompromissados com questões sócio-ambientais (ou seja, TODOS os governos).

Com o governo brasileiro não é diferente e sua política para a questão é oportunista, brutal e desumana: através de sua OMISSÃO DECLARADA, aproveita os assassinatos causados pela falsa polêmica ruralista x ambientalista para HIGIENIZAR o norte do país da presença de proletários ambientalistas, já que são um entrave a seus projetos energéticos e desenvolvimentistas, tais como as usinas hidrelétricas e o extrativismo predatório.

Email:: andrecaon@hotmail.com